Mostrando postagens com marcador experiência. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador experiência. Mostrar todas as postagens

domingo, 14 de dezembro de 2014

Como foi o primeiro dia

Como falei no último post, comecei a falar em inglês com meu filho em casa quando ele tinha 2 anos e 5 meses. Antes desse dia, eu não tinha chegado a ensinar nenhuma palavra em inglês para ele, nem os números. Na verdade, quando ele assistia vídeos no Youtube, por exemplo, lembro que eu evitava passar vídeos em inglês porque sabia que ele não iria entender... que mudança de comportamento tivemos!

Antes de começar

Antes de começar de verdade (mas ainda no mesmo dia), pesquisei rapidamente na Internet sobre o assunto e descobri que existem alguns métodos bem conhecidos que os pais utilizam em famílias bilíngues. Estou me referindo ao One Parent One Language (OPOL) e ao Minotiry Language at Home (mL@Home), dentre outros. Para escolher um desses métodos, é importante analisar o contexto familiar, os idiomas que os pais sabem falar, etc. Vou fazer um post somente sobre esse assunto, mas aqui resumo que eu e minha esposa Carol escolhemos usar OPOL de modo que ela vai falar apenas em português com Renan e eu apenas em inglês.

Primeiro dia

Então, como começamos a falar? Brincando, claro! O melhor que vejo em ser bilíngue em casa é justamente termos um ambiente bem descontraído em que o idioma é apenas uma ferramenta, um meio de se atingir o fim (brincar, comer, etc.), e não um fim em si. Dessa maneiro, levei Renan para seu quarto e comecei a procurar por algum brinquedo que tivesse muitas cores, pois achei interessante começar por aí. No caso, peguei um dos brinquedos dele (Uno Muu) e começamos a brincar. Como eu falei, qualquer brinquedo ou objeto serve para iniciar, afinal, será apenas uma conversa normal entre pai e filho.

Agrupei os animais de mesmas cores em cada lado e comecei a repetir o nome das cores (no caso, red, yellow, blue e green). Renan não repetia comigo, mas dava pra notar que ele ficou muito curioso. Ao pedir para ele pegar os animais quando eu falava as cores, percebi que já tinha entendido a dinâmica. Logo em seguida, passei a agrupar os animais pela espécie e chamá-los: sheep (ovelha), cow (vaca), dog (cachorro), chicken (frango/galinha), pig (porco), skunk (gambá) e boy (menino). Por fim, abri a portinha da casinha vermelha da fazenda (o celeiro, barn, em inglês) e ia dizendo "red dog", e então Renan colocava o cachorro vermelho dentro do celeiro. "Yellow chicken", e ele colovaca a galinha amarela e assim por diante, até ele colocar todas as 28 pecinhas! Claro que bastava ele reconhecer a cor ou animal e ainda tinha minha ajuda nos casos de dificuldade, mas mesmo assim.

Usei as palavras it, a, an, the e todo o verbo to be sem grandes explicações de modo que ele pegou o significado pelo contexto. E foi assim o primeiro dia (na verdade, primeira noite).

Me lembro muito bem desse dia e me impressionou como ele aprendia tão rapidamente! Isso foi um ponto muito motivador, pois em poucos dias eu já conseguia me comunicar bastante com ele.

Dias seguintes

Nos outros dias, lembro-me que quando havia uma palavra nova, muitas vezes eu traduzia para o português da seguinte maneira: "Look, Renan! It's a shower! Chuveiro! Shower!". Fiz isso para garantir que ele iria entender o que eu estou falando. Às vezes, não era necessário que eu traduzisse em português, pois Renan mesmo já falava:"Renan, what's behind the box?", ele respondia: "a bola", então eu dizia: "The ball, the ball, that's right!".

Durante os primeiros meses, eu sempre introduzia uma nova palavra em inglês com sua devida tradução no português, para ele entender imediatamente. Isso foi muito útil inclusive nos momentos que eu precisava orientar sobre perigos: "Don't do it, you can get hurt. Machucar. Get hurt. It's too high!". No entanto, percebi que ele ficou "viciado" em sempre ter uma tradução para as palavras do inglês, de modo que ele não conseguia aprender uma nova palavra em inglês sem ficar sabendo em português: fazia questão de perguntar.

Depois de alguns meses, consegui que ele adquirisse um vocabulário maior e com isso comecei a conseguir explicar novas palavras e expressões utilizando o próprio inglês (com sinônimos ou explicações descritivas). Muitas vezes, eu me deparava na situação de não saber que palavra usar em determinada situação, daí sempre recorro ao meu dicionário de bolso, meu celular!

Consistência

Os livros, sites, a literatura sempre afirmam que é muito importante manter a consistência (falar apenas inglês em todo lugar, ou falar sempre inglês em casa, ou outra regra qualquer). Minha esposa até estranhou porque eu estava falando em inglês mesmo em horas mais críticas (como nos momentos de repreender ou quando ele acaba de se machucar e está chorando). Mas isso é justamente para manter a consistênciase eu ficar alternando entre português e inglês vai dar brecha inclusive para Renan ficar solicitando que eu fale em um idioma ou outro quando ele quiser (pois ele vai perceber que há essa opção). Já que eu só falo em inglês com ele, por mais que continue a falar em português com minha esposa, mesmo assim ele nunca pediu para eu voltar a falar em português com ele (embora já tenha dito: "como é em portugues?" para que eu traduza uma palavra em inglês que eu tenha acabado de falar).




sábado, 13 de dezembro de 2014

Como passei a ser pai de uma criança bilíngue


Há quanto tempo não escrevia mais em nenhum blog! Desta vez, no entanto, quero escrever sobre famílias bilíngues e pais falantes não nativos! Isso também é novidade pra mim!

Me apresentando melhor, meu nome é Bruno, tenho 30 anos, casado e pai de um menino de 3 anos chamado Renan. Seria tudo bem comum não fosse minha decisão desde abril deste ano de falar exlusivamente em inglês com meu filho. Mas por que resolvi fazer isso, já que inglês não é minha língua materna nem tenho nenhum parente no exterior?

Tudo começou, na verdade, com um desejo de (talvez) colocá-lo em uma escola bilíngue de João Pessoa, onde moramos. Visitamos em 2013 uma escola, achei muito organizada, salas amplas, cheguei a ouvir até uma menina bem pequena falando em inglês com a professora. Cogitamos colocar lá, mas um conjunto de fatores terminou por não permitir: a mensalidade é muito cara, a não ser que eu pretendesse ter filho único; a escola é distante de minha casa e eu e minha esposa não temos nenhum familiar na cidade; e, por último,  nem conseguimos vaga!

Por acaso, ganhei de minha cunhada um livro cujo tema era "ensine inglês ao seu filho". O livro instruía os pais a fazerem atividades recreativas de modo a seus filhos aprenderem palavras, frases, músicas em inglês. Logo vi que o público-alvo do livro não me incluía,  porque não era necessário sequer saber inglês realmente para usá-lo, só que eu tenho um nível que se aproxima de fluente. Quando percebi isso, comecei a falar com ele na mesma noite!

Já faz meses que estou falando com meu filho dessa maneira e pensei que poderia compartilhar um pouco o que estou passando, não é mesmo? No caso, ao menos por enquanto, Renan está tendo uma forma de bilinguismo chamada de Bilinguismo Passivo (porque ele responde principalmente em português para tudo que eu falo). Normalmento leio tanta coisa da Internet e escrevo tão pouco! Desse modo, este blog é sobre minha experiência como um pai falante não nativo de inglês. Até os próximos posts!